Resumo:
Uma das problemáticas essenciais do pensamento benjaminiano é, precisamente, a
questão da história. Numa época em que a tonalidade dominante é a ameaça da guerra e a
destruição das ideologias, dos valores e ideais clássicos, em nome de uma desenfreada visão
progressista e continuista da história humana, é preciso despertar do pesadelo da catástrofe da
história. É esta que é responsável pela dissolução do conceito de experiência, alienando o
homem e deixando-o desamparado e entregue ao vazio da experiência do choque, à
fragmentação da narração e à perda da tradição. Recorrendo à tradição judaica da história,
pensando e reconfigurando conceitos que lhe são intrínsecos, como o de catástrofe,
messianismo, redenção, rememoração, Benjamin constrói (tal como Rosenzweig, Scholem e
Bloch) uma teoria que possa operar uma desconstrução da continuidade da história, valorizando
o objeto histórico, destacando-o do fluxo e salvando-o da catástrofe. Trata-se, assim, de um
método destrutivo e violento, mas que visa restaurar uma visão da história que seja capaz de
reparar as injustiças e o sofrimento humano. Mais do que histórica e temporal, essa nova ordem
inscreve o sagrado na ordem profana, redimindo o acontecimento histórico e salvando-o no
instante dialético.
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