terça-feira, 5 de abril de 2011

Walter Benjamin e a história messiânica: contra a visão histórica do Progresso



Resumo:

Uma das problemáticas essenciais do pensamento benjaminiano é, precisamente, a

questão da história. Numa época em que a tonalidade dominante é a ameaça da guerra e a

destruição das ideologias, dos valores e ideais clássicos, em nome de uma desenfreada visão

progressista e continuista da história humana, é preciso despertar do pesadelo da catástrofe da

história. É esta que é responsável pela dissolução do conceito de experiência, alienando o

homem e deixando-o desamparado e entregue ao vazio da experiência do choque, à

fragmentação da narração e à perda da tradição. Recorrendo à tradição judaica da história,

pensando e reconfigurando conceitos que lhe são intrínsecos, como o de catástrofe,

messianismo, redenção, rememoração, Benjamin constrói (tal como Rosenzweig, Scholem e

Bloch) uma teoria que possa operar uma desconstrução da continuidade da história, valorizando

o objeto histórico, destacando-o do fluxo e salvando-o da catástrofe. Trata-se, assim, de um

método destrutivo e violento, mas que visa restaurar uma visão da história que seja capaz de

reparar as injustiças e o sofrimento humano. Mais do que histórica e temporal, essa nova ordem

inscreve o sagrado na ordem profana, redimindo o acontecimento histórico e salvando-o no

instante dialético.

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